Um projeto piloto promovido pela Galp, Eletricidade dos Açores (EDA) e Nissan e que contou com a adesão de oito entidades permitiu testar a injeção de eletricidade a partir de baterias de veículos elétricos.
Desde 2013, que se aprimora os estudos da integração de automóveis elétricos em redes de energia. A Nissan foi pioneira ao oferecer de série em todos os seus automóveis a tecnologia V2G (Vehicle-to-Grid, ou seja, do Automóvel para a Rede), com resultados convincentes.
Há cerca de dois anos, na ilha de S. Miguel, nos Açores, a Nissan, Galp e EDA decidiram aplicar o conceito na rede de abastecimento público, o objetivo: estudar o impacto que a integração de 10 LEAF e e-NV200 teria na eficiência daquela rede, nos próprios automóveis e nas emissões de gases de estufa. Ao projeto juntaram-se diversos provedores de serviços e parceiros estratégicos, nomeadamente a Nuvve, o INESC-TEC, a DGEG, a ERSE e o Governo dos Açores, através da Direção Regional de Energia.
“A Nissan tem como missão liderar a inovação para melhorar a vida das pessoas e nós começámos há mais de uma década, com o Nissan LEAF e somos pioneiros e líderes ao longo destes anos na democratização desta forma de mobilidade mais inteligente, mais eficiente e mais limpa. Mas nós consideramos que não basta introduzir novos modelos 100% elétricos, mas é necessário contribuir também para a criação de um ecossistema elétrico que permite aproveitar ao máximo os benefícios dessa nova forma de mobilidade. Por isso estamos muito orgulhosos de ter participado neste projeto com os nossos parceiros, demonstrando como esta tecnologia da Nissan pode realmente criar um benefício para a sociedade em que vivemos, tornando a utilização dos automóveis elétricos ainda mais eficiente, poupando recursos naturais que são limitados e tendo um impacto positivo na descarbonização”, afirmou António Melica, diretor-geral da Nissan Portugal.
Neste projeto que durou cerca de 90 semanas, o V2G Açores, as baterias de uma frota de 10 Nissan LEAF e e-NV200 permitiram injetar na rede elétrica da ilha de São Miguel, nos Açores, energia suficiente para alimentar diariamente 32 residências açorianas.
Com resultados bastante positivos, este projeto piloto que testou com sucesso a inovadora tecnologia Vehicle-to-Grid (V2G), que agora irá permitir que os automóveis elétricos possam também fornecer energia à rede elétrica quando estão estacionados.
A tecnologia V2G permite que um automóvel elétrico seja um elo ativo na gestão da rede elétrica, regularizando a oferta e procura ao armazenar energia durante a noite – quando a produção de renováveis não tem aplicação direta – e fornecendo-a à rede durante o dia. E, simultaneamente, possa constituir-se uma fonte de receita para os seus proprietários ao carregar a bateria quando o preço da energia elétrica é mais barato e fornecendo energia da bateria para a rede elétrica ou para autoconsumo, nos períodos em que o preço da energia é mais alto.
Após a realização deste projeto foi possível analisar que os dados obtidos corroboram os pressupostos deste projeto piloto. Os sete Nissan LEAF, e três e-NV200, todos com baterias de 40kWh, abasteceram um total de 198MWh ao longo das 90 semanas do projeto, tendo devolvido à rede 109MWh (55%). Para os 126.000 quilómetros percorridos durante o projeto, consumiram 19,5MWh, o que se traduz num consumo médio de 154,76Wh/km, cerca de 9% abaixo do anunciado segundo a norma WLTP para o LEAF com bateria de 40kWh e -23% em relação ao consumo WLTP para a NV200. Isto significa que para percorrerem os 126 mil quilómetros, os Nissan 100% elétricos apenas necessitaram de 9,8% da capacidade total das suas baterias.
“Especialmente agora que cada vez mais pessoas estão a trabalhar a partir de casa, a nossa tecnologia V2G representa um potencial acrescido para utilizar as energias renováveis de forma eficiente, balancear as redes de energia públicas, tornar mais eficiente o consumo privado e reduzir as emissões nos transportes”, acrescenta António Melica. “Neste contexto, a nossa expectativa é que o interesse por esta tecnologia continue a crescer no futuro”.
Estes resultados foram encorajadores para este projeto piloto, para que o V2G seja economicamente válido para o utilizador é necessário desenvolver agora um enquadramento legal/regulatório que permita passar da fase piloto da tecnologia V2G para uma fase de mercado – abrindo assim portas a novos modelos de negócio e novas abordagens para o mercado elétrico nacional – razão pela qual as entidades oficiais nacionais com responsabilidades nesta área se envolveram no projeto.