O Fórum Nissan para a Mobilidade Inteligente realizado em maio teve como foco a Condução Inteligente, Energia Inteligente e Integração Inteligente. Foi feito também um balanço sobre o avanço da mobilidade elétrica em Portugal.
Em 2010, Portugal foi o primeiro país europeu e um dos três a nível mundial (junto com Japão e EUA) a apresentar o primeiro automóvel 100% elétrico, o Nissan Leaf. A Nissan não só é pioneira na eletrificação do automóvel, como neste novo paradigma da mobilidade, que passa pela criação de um ecossistema elétrico.
Alguns anos passados, não existem dúvidas de que o futuro passa pela eletrificação não só automóvel, inclusive o futuro será suportado por decisões políticas com calendários bem definidos para o abandono, na Europa, das motorizações térmicas convencionais.
Dessa forma, estamos perante um cenário de considerável aceleração da eletrificação do automóvel, com o aumento da oferta por parte dos construtores e uma crescente adoção por parte dos consumidores, conscientes de que os automóveis elétricos respondem cada vez melhor às suas expetativas e necessidades.
António Melica, diretor-geral da Nissan Portugal anunciou o objetivo da Nissan para em 2026 realizar 75% das vendas em versões eletrificadas na Europa, e abandonar totalmente as motorizações exclusivamente térmicas em 2030.
Já em 2022 são introduzidos no mercado o novo Crossover 100% elétrico Nissan Ariya e o Nissan Townstar EV «reforçando a aposta da marca num segmento que tem um potencial enorme de crescimento, os comerciais e, em especial, os dedicados às chamadas entregas de último quilómetro (last mile)».
Para além do alargamento da gama, em Portugal foram feitos investimentos no desenvolvimento do ecossistema elétrico, com a instalação de postos de carregamento nos domicílios, passando pelas vantagens nos custos da energia associadas a cartões de carregamento nos postos públicos.
Para Henrique Sanchez, presidente do Conselho Diretivo da UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos «sempre que ouvimos dizer que os automóveis elétricos são o futuro, retorquimos que não, o futuro é hoje. Aliás, para muitos utilizadores já faz parte do passado…». Segundo os dados apresentados por este responsável, o parque automóvel português de modelos 100% elétricos ou eletrificados (inclui híbridos plug-in) está já acima das 100.000 unidades e a quota de mercado anual deste tipo de modelos é já de cerca de 20% das vendas totais de automóveis no nosso país.
«Nos últimos três anos, passámos de 20.000 automóveis elétricos em 2020 para os 30.000 em 2021 e, este ano, já vamos com mais 10.000 unidades vendidas em Portugal. E isto numa época de dificuldades provocadas pela crise dos semicondutores e da falta de componentes. Ou seja, a procura é muito maior do que a capacidade de oferta dos construtores», refere Henrique Sanchez que faz um balanço otimista da realidade da mobilidade elétrica em Portugal.
Para aqueles que ainda não aderiram à mobilidade elétrica, surge sempre uma questão “será que a rede elétrica aguenta o crescimento do parque de automóveis elétricos?”
Segundo Alexandre Videira, administrador da Mobi-e, a rede de carregamento para automóveis elétricos comporta já mais de 2.750 carregadores a que correspondem a mais de 5.700 tomadas de carregamento. Para a atual dimensão do parque português, a potência instalada deveria ser de cerca de 74MW e, na realidade, atualmente estão já instalados 102,5MW(*) em 99% dos municípios do país. Ou seja, a rede existente pode acomodar sem problema o crescimento do parque de automóvel elétricos. Esta mesma conclusão foi reforçada por Luís Tiago Ferreira, Diretor de Inovação em Mobilidade & Eficiência Energética da E-Redes: «a nossa expectativa é que no final da década a rede de carregamento pública atinja os 45.000 postos mantendo o rácio de um posto por cada 20 automóveis».
Para este responsável da rede elétrica nacional «os veículos elétricos podem tornar-se um ativo valioso para o sistema elétrico, o que aumentará as vantagens para o cliente».
Assim com a aquisição de carregadores inteligentes e, a prazo, de sistemas de carregamento bidirecionais será possível reduzir de forma significativa os investimentos para aumentar a capacidade da rede pública de carregamento, incluindo com o crescimento da adoção de energias renováveis de produção local. Mas, na mobilidade elétrica nem todos os desafios estão ligados à energia. Uma perspetiva diferente foi aquela que trouxe a esta edição do Fórum Nissan da Mobilidade Inteligente Gustavo Barreto, chefe comercial do Grupo Ageas Portugal.
«Os automóveis elétricos também colocam desafios para as empresas de seguros. No caso do Grupo Ageas Portugal temos coberturas que foram criadas especificamente para este segmento de mercado: furto ou roubo dos cabos de carregamento; danos causados em terceiros durante a utilização dos mesmos; cobertura de assistência para recargas rápidas que permitam ao utilizador chegar a um posto de carregamento, entre outras».
Em Portugal a evolução desta “nova” forma de mobilidade está perfeitamente alinhada com a evolução dos principais, e mais rápidos, mercados europeus na adoção da mobilidade elétrica.